Pela
primeira vez, pesquisadores mapearam as comunidades de micro-organismos do
corpo humano, como bactérias e fungos.
O Projeto
Microbioma Humano, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA,
publicou ontem um conjunto de 14 estudos nas revistas "Nature" e
"PLoS".
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As
pesquisas usaram técnicas de sequenciamento de DNA para identificar esses
organismos e mostrar sua diversidade e abundância nos seres humanos, além de
suas funções no corpo.
Os
micro-organismos analisados foram retirados de 242 homens e mulheres. A coleta
foi feita em diferentes partes do corpo, como pele, boca, intestino e vagina.
Até
então, só as bactérias do trato gastrointestinal haviam sido catalogadas pelo
projeto MetaHIT, que envolve oito paÃses.
Os
pesquisadores concluÃram que quase 10 mil espécies de micro-organismos perfazem
as comunidades ecológicas no nosso corpo.
Eles
também mostraram que cada parte do corpo tem uma população diferente de
micróbios, cada uma com sua função --no caso do intestino, os micro-organismos
ajudam a digerir os alimentos.
O projeto
mostrou ainda que cada pessoa tem um microbioma único, com tipos e quantidades
diferentes de bactérias para realizar o mesmo trabalho. Uma quantidade alta ou
baixa da mesma bactéria não quer dizer que uma pessoa seja mais ou menos saudável.
James
Versalovic, pesquisador do projeto e chefe do departamento de patologia do
Texas Children's Hospital, nos EUA, afirma que a maioria dos micróbios no corpo
não causa doenças.
"Esperamos
que com esses dados as pessoas fiquem menos paranoicas e não usem antibióticos
ou sabonetes bactericidas para tudo. Interferir no equilÃbrio do microbioma
pode causar mais danos que benefÃcios."
Versalovic
diz que definir o microbioma de um adulto saudável e saber quais são e o que
fazem os micróbios que habitam o ser humano era o primeiro objetivo do Projeto
Microbioma Humano.
Agora,
com o material genético proveniente de comunidades completas de micróbios, os
próximos passos serão comparar os micróbios de pessoas saudáveis com os de
doentes para entender como os problemas se desenvolvem e criar novas drogas.
Um dos
estudos do MetaHIT já mostrou que quem tem menor diversidade de bactérias na
flora intestinal tende a ser obeso, a ter mais gordura no fÃgado e responder
pior a dietas.
"Essa
é só a ponta do iceberg. O interessante será observar como os dois genomas --o
humano e o dos microrganismos-- interagem", diz Vasco Azevedo, professor
do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.
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